O Último Receio das Grandes Petrolíferas

Haverá Sangue 

Primeiramente, houve uma ansiedade para o superabastecimento do ouro preto, e desdobramentos da queda do petróleo bruto; em seguida, a ansiedade deu lugar a um choque de preços em um futuro não tão distante, como resultado da queda.

Se você acredita que o petróleo bruto está muito barato ou ainda muito caro, uma coisa é certa: volatilidade no mercado de energia veio para ficar.  A queda rápida e significativa dos preços de petróleo nos últimos seis meses tem muitas ramificações; não só está afetando o abastecimento em curto prazo nos reservatórios de xisto dos Estados Unidos, mas forçou grandes conglomerados de energia a cancelar ou desacelerar seus caríssimos e demasiadamente longos mega-projetos.  Enquanto a produção de xisto pode ser reiniciada de forma relativamente rápida, o abastecimento futuro ligado ao desenvolvimento de alto custo não tem a mesma flexibilidade.

A nova preocupação é que uma combinação de aumento da demanda devido aos preços mais baixos, e menor oferta futura devido a grandes reduções de despesas de capital possam levar a choques de preços substanciais em, possivelmente, três anos.  A Bloomberg aponta o risco crescente de diminuição da capacidade de reposição; este número representa o quanto de suprimento pode ser colocado rapidamente no mercado para atender as interrupções ou o aumento repentino de demanda.  Números recentes da Arábia Saudita indicam como os sauditas estão seriamente inclinados em sua estratégia preferida da retenção de quotas de mercado através do bombeamento de quantidades cada vez maiores de óleo em face da queda dos preços.  Tais aumentos de produção poderiam reduzir drasticamente ou mesmo eliminar a capacidade de reposição da Arábia.

Nick Lowes, da empresa de consultoria em gás e petróleo IHS, afirma na Bloomberg que a maioria dos 200 grandes projetos de petróleo e gás internacionais com aprovação prevista para os próximos dois anos poderão ser cancelados, devido à contingência antieconômica, que torna 60% deles inviáveis.

Entretanto, o consumo de energia continua a crescer – o consumo global em 2015 é previsto para aumentar em um milhão de barris por dia – e de acordo com a British Petroleum, nos próximos 20 anos, devemos testemunhar um aumento na demanda de mais de 50% .

Nesse meio tempo, não apenas os fundos de cobertura e grandes conglomerados de energia estão se concentrando em adquirir ativos de energia, mas tradings de commodities estão encontrando oportunidades também.  Casas comerciais como Trafigura, Gunvor Group e Mercuria Energy Group começaram divergindo seus compromissos habituais de negociação única e estão agora investindo em uma miríade de ativos, incluindo refinarias, instalações de armazenagem e oleodutos. Ao fazê-lo, eles também estão procurando fontes alternativas de financiamento (fonte: Bloomberg).

Uma nova era em investimentos de energia certamente começou.